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Aguinaldo Silva: “Se alguém quiser me contratar, é bom se apressar”

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Por OFuxico

Um dos autores de maior prestígio na Globo, Aguinaldo Silva, 65 anos, não tem mesmo papas na língua. Com a mesma ousadia com que critica a concorrência, ele gaba-se de seu sucesso.

Em sua página pessoal na internet, ele já festejou os 1.136 inscritos na master class de roteiro que montou - uma espécie de mutirão para garimpar autores talentosos, dando-lhes uma chance no mercado da tevê. O novelista também se gaba do sucesso da reprise de Senhora do Destino. São sempre posts polêmicos, divertidos e de muita audiência, que ele destina ao site bloglog, do portal Globo.

Em entrevista ao site O Fuxico, Aguinaldo confessa ter uma enorme inquietação profissional e avisa: se fosse contratado por outra emissora, levaria com ele grandes atores da Globo. O autor ainda avisa que seu contrato global está para vencer e já houve um aceno por parte da direção para a renovação. Portanto, se a concorrência tem interesse em seu passe, precisa correr.

O Fuxico: Em suas recentes declarações, você tem demonstrado vontade de mudança. O que busca: mais liberdade intelectual, mais reconhecimento…?
Aguinaldo Silva: É inquietação mesmo. Estou sempre insatisfeito com o que fiz, e querendo fazer alguma coisa que seja realmente inovadora. Isso não costuma ser fácil em televisão, cuja linguagem – e isso não é uma crítica e, sim, uma constatação – é sempre baseada na repetição. Liberdade intelectual eu tenho na Globo. Também acho que da falta de reconhecimento eu não sofro. Como disse, sou inquieto mesmo.

OF: É verdade que, após a minissérie Cinquentinha, você pretende acabar a parceria com o diretor Wolf Maya e astros veteranos como Susana Vieira?
AS: Por razões de dramaturgia, na minha próxima novela a protagonista deve ter 45 anos, e pensei na Glória Pires para vivê-la. Nas minhas novelas, não apenas os protagonistas mas todos os atores brilham, inclusive os novatos. Mas, é claro que eu vou contar com meu cast de veteranos, que são meus atores preferidos. Quanto à minha parceria com o Wolf, se por alguma razão ela acabar, não trabalho com mais ninguém, simplesmente me aposento.

OF: Como recebeu a notícia de que Reynaldo Gianecchini não aceitou fazer sua minissérie?
AS: É natural um ator gostar de um personagem e, mesmo assim, não fazê-lo. Isso acontece a toda hora. Cláudia Abreu, por exemplo, acabou de rejeitar uma personagem fantástica; ninguém menos que Dalva de Oliveira. No caso de Gianecchini, mais do que viajar com sua peça de teatro, acho que foi a novela do Silvio que o levou a desistir de fazer Cinquentinha, pois ia ser muita exposição num breve espaço de tempo.

OF: Acha que o personagem, um vilão homossexual, não agradou o Giane?
AS: Não sei. Mas, se você quer saber o que acho, eu lhe digo: fazer um personagem que foge aos padrões habituais é um ganho para qualquer ator. E, sem dúvida nenhuma, seria um ganho para ele.

OF: Você elogiou a decisão de Tiago Santiago em mudar para o SBT. Acredita que a emissora de Silvio Santos tem potencial para concorrer com Record e Globo?
AS: Ao que me parece, a concorrência está onde sempre esteve: entre o SBT e a Record. A Globo nunca esteve ameaçada por nenhuma das duas. Basta dar uma olhada nos números de audiência. A Record tem tomado algumas decisões, no mínimo discutíveis, em sua programação. E talvez por isso tenha voltado ao mesmo nível de audiência do SBT. Acho que, nessa última orgia de contratações feitas pelas duas, há muita coisa que não valia a pena. Mas, enfim… É opinião minha.

OF: A Record já contratou muitos profissionais do mercado da teledramaturgia. O que falta para ela alcançar o padrão de qualidade das novelas da Globo?
AS: Faltam um autor e um diretor de primeiro time. Os dois, juntos, poderiam levar atores de primeiro time, e também técnicos e equipe de produção. Só com pessoas de primeiríssimo time é que se consegue o padrão de qualidade que a Globo vem mantendo há anos; o resto é perfumaria.

OF: O que levaria você a trocar a Globo por outro canal? Acha que grandes nomes da teledramaturgia o seguiriam?
AS: O que levou muita gente a fazê-lo, recentemente: um contrato ultravantajoso, e no qual ficassem bem claras e amarradas as condições de trabalho. Acho que, se eu mudasse de canal, conseguiria levar algumas pessoas que realmente valem a pena.

OF: Nos últimos meses, você recebeu alguma proposta da concorrência?
AS: Você pode não acreditar, mas o Silvio Santos me fez uma única proposta, ainda na década de 90. Depois disso, eu nunca mais fui assediado por outra emissora além da Globo. E, se alguém quiser fazê-lo, é bom se apressar, porque a Globo já começou a me falar em contrato novo…

OF: Se a Globo lhe pedisse um remake, você faria? Qual?
AS: Sim. Já que tantos fazem, eu me sentiria no direito de produzi-lo: Suave Veneno.

OF: Como andam seus projetos paralelos?
AS: No cinema, o roteiro de Roque Santeiro está parado, à espera que Daniel Filho acabe mais um filme. A master class 2, vou comandar no começo do próximo ano. Além disso, lançarei a peça A Vida Começa aos Sessenta, que deve estrear este ano ainda, com Nívea Maria estrelando
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